Moção de apoio às lutas nas Universidades Federais
Movimento A Plenos Pulmões
Neste ano, um novo movimento estudantil vem se forjando a partir de lutas radicalizadas em diversas universidades do país contra os ataques dos governos e da burocracia acadêmica. No primeiro semestre, os estudantes das estaduais de São Paulo (USP, Unesp e Unicamp) impulsionaram a maior mobilização já feita nestes últimos anos com assembléias massivas e ocupações, servindo de exemplo para diversos lutadores. Desde então, as lutas estudantis vem se intensificando por todo canto do Brasil, como as ocupações ocorridas recentemente nas Federais (UFBA, UFRJ, UFF, UFPR, UNIFESP, dentre outras) e a greve e ocupação da Fundação Santo André.
Nós, do Movimento A Plenos Pulmões (APP), que participamos ativamente das mobilizações de São Paulo, queremos saudar e enviar nossa solidariedade e apoio a todos os estudantes das Federais que hoje estão lutando em defesa da universidade pública. Para nós, o novo movimento estudantil vem se forjando no calor dessas mobilizações, acompanhado por um novo espírito de radicalidade e vontade de lutar até as ultimas conseqüências. Por isso, diferente das lutas do passado, essas hoje vem acontecendo, em sua grande maioria, por fora ou, até mesmo, contra as antigas direções do movimento estudantil e sindical, especialmente a UNE, o PT e o PCdoB/UJS. Mas também vem se dando contra antigos métodos burocratizados e limitados que ainda persistem na esquerda anti-governista.
Em São Paulo, nosso movimento alcançou importantes avanços e algumas vitórias parciais, como a conquista de demandas específicas e o Decreto Declaratório, que revogou alguns pontos de ataques a autonomia universitária. No entanto, não derrotamos ainda a reforma universitária tucana em curso.
Durante a greve, nós da APP lutamos para que os setores combativos não se isolassem da grande massa estudantil que acompanhava e apoiava as mobilizações. A primeira luta que travamos neste sentido foi para que todas as decisões sobre os rumos da mobilização (greve, ocupação, atos...) fossem tomadas nas assembléias gerais e não nas plenárias das ocupações ou nos comandos esvaziados. A segunda luta foi pela conformação de um Comando Estadual de Greve com delegados eleitos nas assembléias de base (de cursos e institutos), com possibilidade de revogabilidade dos mandatos, para unificar e coordenar de forma democrática toda a greve. Infelizmente, devido a resistência de várias correntes e setores de independentes, este Comando se conformou no momento de descenso de nossa mobilização, mas sua efetivação nos deixou uma importante lição sobre a sua necessidade e potencialidade.
Outra lição que tiramos da luta das estaduais de São Paulo é que este novo movimento estudantil deve buscar uma ampla aliança com os trabalhadores de dentro e de fora da universidade. Infelizmente, a não conformação de uma greve conjunta com os servidores públicos do estado, centralmente os professores da rede pública, que também foram atacados por Serra, diminuíram nossas forças na luta contra todos os ataques do governador.
Hoje, as lutas que se processam nas Universidades Federais assumem um curso semelhante a nossa mobilização. Também se defrontam com um Decreto do governo Lula, o REUNI, que nada mais é do que um novo ataque contra a universidade pública. No entanto, ao invés de se enfrentar com a burocracia acadêmica, como fez Serra, Lula colocou esta como sua aliada nos ataques. Mais, levantou uma série de medidas que aparecem como concessões à reivindicações históricas do movimento estudantil combativo: a ampliação de vagas e mais verba para assistência estudantil.
A luta contra o isolamento deste novo movimento estudantil, luta por se ligar aos amplos setores da sociedade, centralmente os trabalhadores e a população pobre e oprimida, é a luta por colocar por terra este mentiroso discurso dos governos e das reitorias. Somos nós quem lutamos pela democratização da universidade! Somos nós quem lutamos contra a mercantilização da educação e do conhecimento! Por isso, nós da APP achamos que o movimento estudantil deve forjar um novo programa que dê uma resposta de fundo a atual crise do sistema de ensino superior. Não será a burguesia, não serão os governos, muito menos os burocratas das universidades quem darão uma saída para a atual crise. Pelo contrario, eles estão aprofundando os ataques. Seremos nós, o movimento estudantil combativo, aliado aos trabalhadores, quem daremos uma real saída a crise universitária.
Os governos federal e estaduais, assim como as reitorias e seus burocratas acadêmicos, sabem que em cada ocupação está o germe de um grande levante estudantil contra as políticas reacionária da burguesia. Por isso, nos reprimem com os métodos da ditadura militar. Aqui em São Paulo, vários estudantes estão recebendo sindicâncias - em Araraquara o justiça decretou a prisão de 3 lutadores. A Tropa de Choque entrou em ação em vários momentos. Mas a cada ação repressiva temos que responder com novas mobilizações! Por isso, as recentes ocupações dão novo gás ao movimento estudantil combativo, nos colocando diante de inúmeras tarefas.
Nós do Movimento A Plenos Pulmões, achamos que devemos unir nossas lutas, forjando uma verdadeira coordenação nacional do movimento estudantil, organizada por delegados mandatados e revogáveis eleitos nas assembléias de base de todas as universidades, para que possamos impulsionar uma grande luta contra os ataques dos governos e as reitorias. Achamos que este comando deve ter como tarefa organizar um Encontro Nacional de Estudantes e profissionais da educação, com delegados eleitos nas assembléias de curso, e que tenha como tarefa discutir de forma unificada as nossas estratégias e táticas de luta, a construção de uma greve geral da educação, a luta contra as repressões e um novo programa para a universidade brasileira que dê uma resposta pela positiva a atual crise universitária: mais verbas, estatização das particulares, etc...
Viva a luta dos estudantes das Universidades Federais!
Viva a luta dos estudantes combativos de todo Brasil!
Pela aliança entre estudantes e trabalhadores!
Por um novo movimento estudantil combativo, antigovernista, democrático e de base.
Movimento A Plenos Pulmões
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